sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Criação de Email de Blog da Apeoc de Pereiro

Caros colegas Servidores da Educação Pública Municipal:

Com grande satisfação anunciou a criação do EMAIL e do BLOG do nosso sindicato. A revolução da informação hoje é um fato e uma realidade da qual não podemos fugir. Nesse sentido, o nosso sindicato não poderia ficar a parte dessa nova tecnologia. Perante isso, abaixo disponibilizo endereço de nosso email e de nosso blog. Seja um seguidor e usufrua à vontade:


BLOG: apeoc-pereiro.blogspot.com




sexta-feira, 1 de julho de 2011

15% X 13% - O REAJUSTE!


Aconteceu hoje na Casa da Cultura, a convite do Exmo. Prefeito Municipal de Pereiro, reunião com os professores e professoras do Magistério Público Municipal para tratar, ainda, da questão do reajuste salarial da categoria. Surpreendentemente esta reunião convocada às pressas, quase em cima da hora dela acontecer, ocorreu somente agora no último dia de junho, momento em que os professores e professoras estão entrando de férias. Sabemos que o mês base para o nosso reajuste acontecer é o mês de abril. Era nesse período que as discussões acerca do percentual de aumento deveriam ter acontecido, não agora no último dia de junho, quando o caso já está nas mãos da justiça. A Comissão Municipal de professores/APEOC lembra a todos os professores e professoras municipais e a sociedade em geral que no mês de março, mais precisamente na sessão ordinária da Câmara Municipal do dia 23/03, já nos pronunciamos acenando para o início do debate, sendo inclusive chamados de precipitados. Nós somos precipitados ou o momento da discussão está ultrapassado? Por que esta reunião não foi convocada no mês de abril? Continuemos com os fatos.

Aconteceram às reuniões ordinárias da Câmara Municipal dos dias 01/04, 08/04 e 15/04 e nada de nenhuma reunião com os professores acontecer e nem de projeto de reajuste da Classe do Magistério Municipal chegar à sede da Câmara. Somente na sessão ordinária do dia 29/04 foi que chegou, por parte do Executivo Municipal com caráter de urgência, o Projeto de Lei 010/2011 concedendo reposição de perdas salariais no percentual de 7% com efeitos retroativos a abril de 2011. Na sessão do dia 06/05 foi novamente discutido a questão do reajuste salarial dos professores e professoras e apresentado por parte dos vereadores “situacionistas” emenda modificativa ao projeto 010/2011 aumentando o percentual de reajuste da Categoria do Magistério de 7% para 10%. Mas o projeto não foi à votação porque os vereadores “oposicionistas”, em consonância com os representantes da Comissão Municipal de Professores/APEOC, acharam por bem a necessidade de se melhor analisar e ouvir a Classe dos Professores e Professoras. Dia 13/05, dia de Nossa Senhora de Fátima e da libertação dos escravos, às 13 horas na sede do Salão Paroquial, foi organizada, por parte da Comissão Municipal da APEOC de Pereiro, reunião para se tratar da questão do reajuste salarial 2011, sendo distribuídos convites para todos os professores/as municipais, vereadores, Secretaria Municipal de Educação, Assessoria Jurídica do Município e sociedade em geral. A reunião foi muito proveitosa e terminou mais de cinco horas da tarde com a definição em acordo com a classe de sugerirmos aos vereadores da oposição apresentar emenda ao projeto 010/2011 alterando o percentual de reajuste de 7% (Executivo) para 15%. Ao mesmo tempo foi feito convite para que todos os professores e professoras presentes na reunião se dirigissem à Câmara Municipal para acompanhar a votação. A emenda foi apresentada e a matéria posta em votação. Por cinco votos a quatro, com desempate acontecido por conta do voto da Presidente da Câmara Municipal, com direito a um puxão de orelha nos professores porque, segundo ela, só comparecia à Câmara quanto era época de reajuste de salário de professor e professora, a emenda dos 15% foi aprovada. A emoção e a alegria contagiaram o coração dos professores e professoras presentes na sessão.

Na sessão ordinária do dia 20/05, para tristeza e decepção dos professores e professoras, chega mensagem de VETO POR INCONSTITUCIONALIDADE E PREJUDICIALIDADE AO INTERESSE PÚBLICO, por parte de Raimundo Estevam Neto – Prefeito Municipal. Em caso de veto, a Câmara tem que se posicionar através de voto secreto em favor ou em contrário ao VETO. Mais angústia e ansiedade para o coração do professor e professora. Na sessão do dia 27/05, em momento histórico, com a Câmara Municipal lotada, com cartazes espalhados pelas paredes, foi colocado em votação o VETO. Depois que todos fizeram suas colocações, tem início a votação. Coração na mão e olhos atentos. Terminada votação, iniciada contagem dos votos. “Não” derruba o veto. “Sim” acata o veto. Resultado: cincos “nãos”, alegria e emoção geral, VETO “derrubado”. Acho que esse momento deve ter sido senão o mais bonito, mais com certeza um dos mais brilhantes ocorridos na Câmara Municipal de Pereiro. Dava para perceber e sentir a alegria no semblante de cada professor ali presente. Comemoração e satisfação geral. Até que enfim, fim da angústia. Será?

PINHEIRO, Advocacia Dinâmica, 09 de junho de 2011, MANDATO DE SEGURANÇA PREVENTIVO C/C LIMINAR contra a votação do VETO e reajuste do professor e professora impetrado pelos vereadores da situação, aqueles mesmo que propuseram emenda ao projeto original. Angustia de novo, o pesadelo e o terror ergueram-se das sombras. A alegria sede lugar a apreensão. Até quando?! O juiz solicita informações à Câmara.

Pereiro, 21/06/2011, o Presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Alberto de Negreiros, manda ao juiz informações acerca do processo da votação do VETO e do reajuste proposto pelos vereadores “oposicionista”. Até agora não temos notícia de o juiz ter analisado e julgado o caso. A apreensão continua. “Oh!” reajuste sofrido. Se o professor se valorizasse e o valorizassem proporcionalmente à dificuldade desse reajuste não tenho dúvidas de que estaríamos sendo tratados como um sheik árabe. 

Dia 30/06/2011, reunião convocada às pressas pelo Chefe do Executivo com a classe dos professores e professoras. Agora?! Depois de isso tudo acontecer?! Com todo o respeito é desfazer da cara do professor e da professora do município. Se o caso chegou a esse ponto, deixa o “pau torar”. Nós da Comissão Municipal de Professores/APEOC respeitamos a opinião de cada professor e de cada professora, mas não concordamos e fazemos uma crítica veemente ao fato de que, depois disso tudo acontecer, algum professor ou professora negociar reajuste para baixo dos 15% conseguidos com suor e lágrima, com trabalho e empenho árduo e responsável de quem estava presente às sessões da Câmara desde o dia 25 de março de 2011.

Os números não mentem. 15% é um percentual aquém da realidade do que se está acontecendo com as receitas do FUNDEB/2011. Prova disso é que no mês de junho, a receita do FUNDEB, pelo sexto mês consecutivo, ficou acima do previsto pelo FNDE. A média mensal prevista pelo FNDE é de R$ 683.932,89 e, pasmem!, caiu na conta do FUNDEB de Pereiro para o mês de junho R$ 842.838,04. Será que esse dado foi apresentado nessa atrasada reunião. Será que na negociação da redução do percentual de reajuste de 15% para 13% os “negociantes” estavam com os dados e cientes das receitas do FUNDEB de 2011. Quem está agindo com seriedade, quem apresenta dados reais, ou quem propõe as coisas na “doida”? Ou será que tudo é na base do fazer as coisas simplesmente “porque eu quero assim e pronto”. O momento simbólico e emocionante vivido até aqui não merece esse desfecho insosso. Mas a grandeza e a virtude estão dentro de cada um. Talvez os 13% negociados seja um valor até elevado para, com toda sinceridade e respeito, alguns professores e professoras que levam tudo para o lado da política partidária, que não têm capacidade de enxergar as coisas por outro ângulo e outro víeis. Talvez os 7% proposto pelo Executivo no projeto original fosse o mais justo para alguns professores. É triste e preocupante saber que até abrindo de mão de um salário melhor estão. Quem não tem zelo pelo seu próprio salário, vai ter zelo pelo o quê?!  

Antonio Arimaci Negreiros Martins.
Presidente da Comissão municipal de professores/APEOC
Pereiro, 30/06/2011

O ESPÍRITO DOS NÚMEROS.


Caros Colegas professores:
Está previsto para o FUNDEB 2011 de Pereiro o montante de R$ 8.207.194,73, o que representa uma média mensal de R$ 683.932,89 (divisão do montante previsto por 12, que são as 12 parcelas que vão ser repassadas para o município – confiram). Acabei de verificar o repasse desse mês e, bingo!, pelo quinto mês consecutivo, o valor repassado está acima da média prevista, vejamos:

MÊS
PREVISTO R$
REPASSADO R$
DIFERNÇA R$
JANENEIRO
683.932,89
761.016,22
+77.083,33
FEVEREIRO
683.932,89
878.807,35
+194.874,46
MARÇO
683.932,89
699.171,47
+15.238,58
ABRIL
683.932,89
929.007,61
+245.074,72
MAIO
683.932,89
719.224,04
+35.291,15
TOTAL
3.419.664,45
3.987.226,69
+567.562,24

Como vemos na tabela, em todos os cinco primeiros meses, Pereiro recebeu recursos do FUNDEB acima do previsto para o ano de 2011. O saldo acumulado supera em mais de meio milhão de reais o valor previsto para os cinco primeiros meses desse ano. Lembrando que nossos cálculos para reajuste é baseado no valor previsto, podemos concluir que nossos 15% é pouco diante do que se está acontecendo. Por esses dados, se alguém vier dizer que Pereiro não tem condições de dar um reajuste de 15% aos professores, é querer zombar, desmerecer e subestimar a capacidade de inteligência de nossos professores.

Fazendo a diferença entre o que se está previsto (R$ 8.207.194,73) e o que já se entrou de recursos (R$ 3.987.226,69) encontramos R$ 4.219.968,04. Dividindo esse valor por 7, que são as 7 parcelas restantes do fundo que Pereiro ainda vai receber, obtemos  R$ 602.852,58, ou seja, um valor muito menor que todas as parcelas que entraram nos primeiros cinco meses de 2011. Será que vai acontecer uma catástrofe que as sete últimas parcelas restantes vão cair a esse ponto ou abaixo disso? É preciso ser muito pessimista, pouco sensato e com pouco conhecimento estatístico para se crer nisso. Mas, nesse mundo há de tudo. E, às vezes, o espírito estatístico matemático cede lugar para outros espíritos em certas cabeças. Mas a democracia é assim e, por mais que achemos um absurdo o que outrem pensa, devemos respeitar. Respeito à democracia é princípio fundamental para a liberdade.

Um abraço a todos e que os números continuem favoráveis, meu espírito agradece.

Antonio Arimaci Negreiros Martins.
Presidente da Comissão Municipal de professores/APEOC.
Representante dos Professores no Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

PLANO DA LÁGRIMA

PLANO DA LÁGRIMA.
O que mexe mais com o lado emocional de uma pessoa que a decepção de um tempo, de uma vida, da lembrança de ter se esforçado para dar o melhor de si durante uma época, e ver que todo esse tempo foi em vão, que não será reconhecido, que será enterrado e apagado. É o sentimento que deve está sentindo todos(as) os professores(as) de Pereiro que ficaram excluídos do Plano de Cargos e Carreiras, que viram seus anos de dedicação ao magistério ser reduzido a nada, por capricho cruel e rígido de um plano autoritário de nascimento e cheio de rigores e atenuantes na sua execução.
O nascimento ou reformulação de um plano de cargos e carreiras deveria ser motivo de motivação e satisfação, de sorriso, de alegria, orgulho e vontade de continuar a trabalhar. Totalmente contrário a esse sentimento, o Plano de Cargos e Carreiras de Pereiro tornou-se o plano da frustração e do sentimento mais profundo que o ser humano pode manifestar: a lágrima. 
É triste ver gente que se dedicou uma vida inteira a uma profissão, prestes a terminar seus dias de dedicação, totalmente decepcionado, desmotivado, arrependido no lugar de orgulhoso, pelo esforço que fez durante uma vida, colhendo amargamente o fruto que imaginava ser doce.
Pela queda das gotas salgadas de água do olho de cada um(a) professor(a) de Pereiro, dedico, também, as minhas lágrimas.   
Antonio Arimaci Negreiros Martins.
Presidente da Comissão Municipal de Professores/Apeoc.

PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL

PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL
SÍMBOLO DA DESVALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DO DESPRESTÍGIO DO PROFESSOR.

Em 16 de julho de 2008, através da Lei Nº 11.738, foi instituído nacionalmente o Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica. Atrasado dois séculos, conforme livro de Juçara Dutra Vieira. O embrião do Piso Nacional do Magistério data do ano de 1827 através de uma lei “assinada pelo Marquês de Queluz, que criou o Piso Salarial Profissional Nacional no valor de 150$000 (cento e cinqüenta mil reis para professores de primeiras letras e gramática latina)”.  A lei não prosperou esbarrada pelas limitações financeiras “mesmo o Legislativo tendo previsto a complementação por meio das rendas gerais do Império, às províncias impossibilitadas de arcar com os valores através de suas receitas próprias provenientes do subsídio literário – tributo destinado ao financiamento da educação”. 

Ulysses Guimarães, em 5 de outubro de 1988, exibia, através dos holofotes da imprensa presentes na Câmara Federal, para a Sociedade Brasileira, a Constituição da República Federativa do Brasil, nas cores verde, amarelo, azul e branco, chamada por ele de “Constituição Cidadã” pelos avanços sociais que foram incorporados ao seu texto. No capítulo III da Constituição – DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO – Seção I – DA EDUCAÇÃO – art. 206 – Inciso V – é mencionado à questão do piso. Diz o inciso “valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional...” (Grifo meu).  A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, também faz menção, no art. 67, inciso III ao estabelecimento do Piso Salarial Profissional do Magistério como forma de valorizar os profissionais da educação. Como vemos, na Lei maior do país e na Lei maior da Educação, estabelecimento de Piso Salarial como forma de valorização do magistério, não é tema ausente, assim como não foi em nenhuma das Constituições e Leis anteriores à constituição de 88 e a LDB de 96. No entanto, somente em 2008, a Lei do Piso foi sancionada, mas não está sendo executada e obedecida conforme foi aprovada. Repetindo celeumas do passado, vai esmaecendo lentamente como a chama de uma vela quando está chegando ao fim, correndo risco de falecer e não passar da fase embrionária.

A Lei do Piso antes de nascer já gerava contradição pelo fato de não se chegar a um consenso de quanto deveria ser o valor mínimo pago a um professor por seu trabalho para determinada jornada. A confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE - apresentou, em 2007, proposta de piso de R$ 1.050,00 para os educadores habilitados em nível médio e R$ 1.575,00 para os habilitados em nível superior para uma jornada semanal de 30 h. Acabou a Câmara e o Senado votando, e o presidente sancionando no ano de 2008, piso no valor de RS 950,00 para uma jornada semanal de no máximo 40 h para os professores habilitados em nível médio na modalidade normal. As demais jornadas seriam, no mínimo, proporcionais à do piso, e os planos de cargos e carreiras de cada estado e de cada município definiriam a diferença percentual entre os profissionais da careira do magistério de acordo com a sua formação e habilitação. A lei do piso estabeleceu, também, que do total da jornada de trabalho, dois terços deveriam ser reservadas para as atividades de planejamento e que, a parti de janeiro de 2009, ocorreria a primeira correção no valor do piso, utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do custo mínimo aluno/ano estabelecido nacionalmente pelo Governo Federal. Esses dois pontos culminaram com o início de uma polêmica que acabou indo parar no Supremo Tribunal Federal - STF, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI – impetrada por cinco governadores de estado e que até hoje não teve desfecho.

Estamos em 2010 e nos 27 estados e 5.564 municípios brasileiros não há consenso no valor do piso para este ano. Há pelos menos três variações para um mesmo tema. Para o Ministério da Educação - MEC e a Advocacia Geral da União - AGU, o piso é de R$ 1.024,67, para a Confederação Nacional dos Municípios – CNM – o valor é de R$ 988,00 e para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE – o valor é de 1.312,85. Enquanto a discórdia rola, a Ação Direta de Inconstitucionalidade dos governadores dorme tranquilamente numa das pastas do Supremo Tribunal Federal – STF. Como a Lei do Piso demorou dois séculos para ser aprovada, não é de se causar estranheza alguém presumir que demore mais dois para ser executada. Enquanto isso, os professores ficam a mercê de remunerações incompatíveis para o seu trabalho, sentindo na pele e na alma o desprestígio da profissão. Este ano é ano de eleição, e o que não vai faltar vai ser discurso de políticos e candidatos falando que educação vai ser prioridade caso consigam chegar ao poder. Que educação deve ser prioridade para toda nação que se preze isso é verdade, só que no Brasil, a distância entre o discurso e prática, estão anos-luz separados.

De fato educação no Brasil é prioridade, prioridade tão grande, que até uma lei de uma lauda que favorece o professor, peça fundamental no processo de ensino aprendizagem, não é cumprida, e foi parar no STF acusada de inconstitucional. Os ministros do STF realmente vão ter muito trabalho para verificar a constitucionalidade de dois artigos da lei, talvez não cheguem nem a um consenso. Melhor mesmo deixar prá lá, uma coisa que demorou dois séculos para entrar em vigor, pode esperar mais dois para ser executada. Afinal, quem vai se importar, educação nunca foi prioridade para os homens que estiveram e estão a frente do poder deste país, que a consideraram igual a um serviço qualquer, e que, por isso, pode ser realizado por qualquer um. Deixa o dilema continuar, sempre foi assim, para que mudar agora?

Antonio Arimaci Negreiros Martins.
Professor efetivo do município de Pereiro-CE e do Estado do Rio Grande do Norte.
Presidente da Comissão Municipal de Professores de Pereiro-CE/Apeoc

REFERÊNCIAS.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.
Dois Séculos de Atraso – Juçara Dutra Vieira.
Uma aula de história sobre o Piso Salarial Profissional Nacional. Disponível em: http:// www.cnte.org.br


O SUSPENSE DO RATEIO

É de causar mistério a demora que se está tendo para fazer o rateio das sobras dos 60% dos recursos do FUNDEB 2010. Já saiu a previsão de recursos para 2011, já está caindo dinheiro na conta do FUNDO para 2011, basta acessar o site do bb, mas o espectro do fantasma do que sobrou em 2010 paira no ar. Dizem que não saiu ainda porque está sendo feito balanço. Será mesmo balanço? Ou será que as sobras desaparecerão fantasmagoricamente? Esperamos que não. Estamos aguardando anciosos que o mistério seja resolvida. Queremos já é partitr para o reajuste de 2011.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Por Guiomar de Grammon
In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp. 71-3.